Entrevista a Paul Ekman

Paul Ekman é um conceituado psicólogo americano, que dedicou a sua vida ao estudo das emoções e expressões faciais. Propôs a Teoria da Universalidade das emoções, que admite a existência de sete emoções universais, expressas pelo mesmo «display» facial. Descobriu ainda as micro expressões faciais, que se manifestam quando tentamos, consciente ou inconscientemente, ocultar uma emoção. Estas duram cerca de frações de segundo e funcionam como ferramentas para detetar mentiras. O método de análise e interpretação de expressões faciais desenvolvido por Ekman contribuiu para o processo de deteção da mentira e sobre a comunicação não-verbal na interação humana, e permitiu-lhe trabalhar com a CIA, FBI e Scottland Yard.

Realizou uma investigação sobre a tribo Fore, de Papua-Nova Guiné, uma tribo que nunca tinha estado em contacto com outras civilizações, nem nunca tinha visto o seu próprio reflexo, e muito menos presenciado uma câmara. Nesta experiência, Ekman dava um contexto e pedia para os nativos apontarem para a emoção adequada (por exemplo, face à pergunta «que cara faria se lhe desse uma banana?» e então, o interrogado, apontava para a face que expressava alegria). Para alem do reconhecimento emocional, os nativos também contavam histórias e reagiam de forma natural ao ambiente, enquanto Ekman e a sua equipa reportavam tudo em fotografias. 

Com isto, concluiu que, independentemente da sociedade e cultura, as emoções básicas, quando vivenciadas por seres humanos, acionam os mesmos músculos faciais, estabeleceu assim que essas emoções básicas universais seriam, respetivamente: a alegria, raiva, tristeza, nojo (repulsa), medo e a surpresa.

Ao longo da entrevista foram feitas várias perguntas ao psicólogo, sobretudo relativamente às emoções. De todas as questões colocadas, aquela que mais me intrigou foi «Porque não considera o amor e o ódio emoções universais?». Face a esta pergunta, Ekman defendeu o seu ponto de vista recorrendo, por um lado, à falta de evidências sólidas que permitam chegar a um veredito por parte da comunidade científica, e à durabilidade do amor e do ódio que, contrariamente às emoções básicas universais, não apresentam um caráter temporário. A razão pela qual a dúvida colocada despertou a minha atenção foi porque eu sempre considerei o amor e o ódio a «base» das emoções, ou seja, antes de ler a entrevista e de aprofundar estes contextos em sala de aula, nunca me tinha apercebido de que, de facto, tanto o amor como o ódio podem surgir associados e desencadear várias emoções básicas universais, até ao momento apenas relacionada o amor a sentimentos bons e felizes e o ódio a sentimentos negativos, pelo que esta entrevista me mostrou uma perspetiva diferente e mais acertada de encarar as emoções.

Em suma, Paul Ekman dedicou grande parte da sua vida ao estudo das emoções e expressões faciais, disponibilizando-nos conhecimentos sobre nós e sobre os outros que nos permitem agir de forma adequada em sociedade e entender melhor quem nos rodeia através da interpretação das suas expressões.

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