Aprendizagem

A aprendizagem é uma modificação relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, que resulta do exercício, experiência, treino ou estudo. É um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos. Não é apenas uma aquisição de uma nova resposta - aprender a andar de bicicleta, ou a tocar um instrumento. Aprender, é também abandonar condutas consideradas impróprias ou desajustadas como por exemplo, roer as unhas. Ou seja, é uma capacidade que pomos em ação quotidianamente para dar respostas adequadas ás solicitações e desafios, que nos colocam devido às nossas interações com o meio. 

É, então, o processo através do qual as nossas experiências geram mudanças relativamente permanentes no comportamento ou nos processos mentais. No entanto, é preciso saber que nem todas as mudanças de comportamento resultam da aprendizagem. Alguns comportamentos atualizam-se naturalmente sem necessidade de aprendizagem, porque fazem parte da nossa genética. São eles, por exemplo: respirar ou digerir. Outras resultam de problemas físicos. 

Aprender não é apenas adquirir, mas também largar maus hábitos de forma a aumentar o seu reportório de competências e saberes. É um processo cognitivo que nos humaniza, sendo essencial na adaptação ao meio. Estes desafios são múltiplos e diversos. Será então possível reduzir toda a aprendizagem a um único processo básico? Haverá apenas um ou, pelo contrário, vários conceitos e várias conceções sobre a aprendizagem? O âmbito da aprendizagem pode ser delimitado de forma mais precisa por quatro pressupostos: não se reduz a conhecimentos factuais, não é sempre correta, não é necessariamente intencional e deliberada e não é diretamente observável. 

Quando dizemos que não se reduz a conhecimentos factuais, todos os comportamentos dependem virtualmente da aprendizagem, que está envolvida em toda e qualquer área do conhecimento e do comportamento. Não é sempre correta, ou seja, é possível adquirir conhecimentos incorretos, adotar maus hábitos e responder inadequadamente a situações. Não é necessariamente intencional e deliberada, aliás, parte do repertório foi adquirido, através do processo de socialização. Não é diretamente observável, ou seja, só se pode concluir algo sobre o que foi aprendido a partir do desempenho dos indivíduos numa dada situação.

Há comportamentos que por vezes já não nos damos conta por tão automáticos que se tornaram. Mas nem sempre foi assim. Nós não nascemos programados para certas atividades. Isto significa, que em algum momento da nossa vida, as aprendemos, ou seja, alteramos o nosso comportamento na sequência das experiências. 

A aprendizagem corresponde, então, ao processo através do qual as nossas experiências geram mudanças, relativamente permanentes no comportamento ou nos processos mentais. No entanto, para que estas mudanças sejam consideradas aprendizagens têm de ser estáveis, por exemplo, quando vamos ao dentista e a broca provoca-nos efeito de dor, e por isso, sempre que lá voltarmos e a ouvirmos vamos sentir medo. Esta mudança na forma de respondermos ao evento (usar a broca) será persistente e por isso, envolve aprendizagem. E tem também de afetar o comportamento ou os processos mentais. 

 Quando ainda não tínhamos altura suficiente para carregar no botão do elevador, provavelmente, já o sabíamos fazer só não o conseguíamos mostrar. Com isto, vemos que nem tudo o que aprendemos é observável.

A aprendizagem está ligada a toda a história do Homem, pois desde sempre se ensinou e aprendeu. Por isto, o Homem interrogou-se sobre a natureza deste processo. O seu estudo está intimamente ligado com o desenvolvimento da Psicologia, enquanto ciência. Contudo o seu estudo não foi uniforme, sendo abordada de diferentes formas por diferentes ramos da psicologia. Dessas diferentes formas, há dois tipos de aprendizagem que se encontrou semelhanças entre humanos e não humanos. Estas são as comportamentalistas e as cognitivas.

O modelo comportamental só se considera a aprendizagem concluída a partir do momento em que o indivíduo manifesta comportamentos que a comprovem, inclui processos ligados ao aprender, a fazer e que tem no condicionamento (clássico e operante) uma representação significativa e que resulta da associação entre estímulos e respostas. O condicionamento corresponde então a uma associação aprendida entre dois estímulos (condicionamento clássico) ou entre um estímulo e um comportamento (condicionamento operante) e é muito comum na forma como interagimos com o mundo. Os psicólogos constataram assim duas formas de condicionamento, já referidas atrás, que são, o condicionamento clássico e o condicionamento operante.

O condicionamento clássico é um tipo de aprendizagem em que um organismo aprende a transferir uma resposta natural perante um estímulo, para outro estímulo inicialmente neutro, que depois se transforma em condicionado. Este processo dá-se através da associação involuntária entre os dois estímulos e acontece independentemente da vontade do sujeito. 

O investigador Ivan Pavlov (1849-1936) observou que os cães salivavam antes de lhes ser mostrado o alimento. Começavam a salivar no momento em que um dos técnicos do seu laboratório entrava na sala ou sempre que via a taça em que era costume comer. Estas constatações, levaram Pavlov a reconhecer que a salivação por parte do cão ao ver a tigela, não era automática, acontecendo devido a uma associação de estímulos, só podendo ter sido adquirida através da experiência. Demonstrou esta hipótese com uma sequência de testes que tentou associar um estímulo neutro (ou seja, que não provocava qualquer resposta), o som duma campainha, com um estímulo incondicionado (carne, que provocava a resposta incondicionada da salivação). Após algumas associações, o som da campainha tornou-se num estímulo condicionado, pois à sua presença, os cães reagiam com a salivação, agora resposta também condicionada. 

Ele concluiu que para que o condicionamento clássico se gere, deve-se apresentar primeiro o estímulo neutro e alguns segundos depois o estímulo incondicionado (o processo deve repetir-se diversas vezes), para que possa haver associação.

Deixo, agora, um esquema simplificado da famosa experiência de Pavlov e exercícios sobre o condicionamento clássico, assim como a resolução. 

Esta aprendizagem na sala de aula é possível. É possível fazer com que os alunos juntem emoções positivas com a matéria lecionada, produzindo motivação para que o aluno aprenda. Por outro lado, também é possível provocar mal-estar entre os alunos na sala de aula. Esse mal-estar pode ser provocado devido a matéria dada pelo professor e isso faz com que os alunos não estudem. Qualquer estímulo, seja em pessoas, objetos ou atividades, podem ser associados com estímulos que provoquem respostas emocionais. As sensações agradáveis fazem com haja uma aprendizagem melhor, mas também existe um risco na aprendizagem por condicionamento clássico, porque não é consciente e não há uma verificação sobre os estímulos.

Quando falámos sobre o condicionamento clássico em sala de aula, lembrei-me que já tinha ouvido falar de algo semelhante, anteriormente. Após muitas pesquisas e esforços de memória, consegui desenterrar um episódio antigo da série The Office que refere rapidamente e num contexto engraçado a experiência de Pavlov.


Skinner também desenvolveu a sua própria versão de uma caixa problema, que ele se referiu como uma câmara de condicionamento operante (também conhecida como a caixa de Skinner). 

Foi quando Skinner quis procurar uma forma objetiva de estudar o comportamento que desenvolveu o condicionamento operante. Ele refere que aprendemos e comportamo-nos de certa maneira no sentido de obter recompensas ou evitar punições, ou seja, descreve a correspondência entre o comportamento e as consequências. Uma resposta operante origina-se sem a presença de um estímulo incondicionado, ou seja, é um comportamento voluntário. Será então um processo através do qual aprendemos a dar respostas de forma a evitar algo desagradável. Skinner desenvolveu o que se tornou conhecido por "Caixa de Skinner". 

Um rato é colocado dentro da caixa fechada que contém apenas uma alavanca e um fornecedor de alimento. Quando o rato aperta a alavanca sob as condições estabelecidas pelo experimentador, uma bolinha de alimento cai na tigela de comida, recompensando assim o rato. Depois de o rato ter fornecido essa resposta o experimentador pode colocar o comportamento deste sob o controle de várias condições de estímulo. O comportamento pode ser gradualmente modificado ou modelado até aparecerem novas repostas que não fazem parte do repertório comportamental do rato. 

Este processo ficou conhecido como reforço positivo, uma vez que se produz um aumento de resposta através da atribuição de comida. É um estímulo que tem consequências positivas, agradáveis, e que se segue a um dado comportamento. Outras experiências que este fez, são relativas ao reforço negativo, que é quando o sujeito evita uma situação dolorosa. É a eliminação do estímulo que permite evitar este tipo de situação. Estes dois tipos de reforços aumentam a probabilidade que a resposta ocorra. As consequências de um comportamento podem ser desagradáveis para o sujeito, então, o comportamento tenderá a desaparecer. Ou seja, também se consegue verificar o comportamento através dos efeitos negativos. É o caso do castigo. Existem dois tipos de castigos. O castigo que consiste na apresentação de um estímulo negativo depois de emitido, o comportamento que se quer que desapareça, é a chamada punição positiva e o castigo que afeta a eliminação de um estímulo agradável, é a chamada punição negativa. Ao contrário do reforço, que implica sempre desenvolvimento no comportamento, ou seja, aumenta a frequência deste, a punição, ensina a não fazer algo e a eliminar uma resposta.

Para compreender melhor os dois tipos de condicionamento, segue-se um quadro com tudo resumido e, ainda, um vídeo de Youtube esclarecedor.


Aprendizagem por observação é a capacidade que o indivíduo possui de observar e imitar um comportamento específico de outra espécie ou da sua. Somos constantemente influenciados por tudo o que nos rodeia, no dia a dia, sendo que cada individuo observa e imita o meio social em que vive. Exemplos disto, é de uma criança que imita o adulto ou um macaco que imita o ser humano. Aprendemos através da observação devido a células de nosso corpo que são os neurônios espelho ou células espelho. Estas estão localizadas no lobo frontal junto ao córtex, e a função delas é permitirem que os seres humanos possam imitar e reproduzir os comportamentos de outras pessoas. Estas são ativadas durante a execução e observação de ações realizadas com as mãos, a boca e os pés. Sendo, também, importantes no processo de linguagem oral e do significado de gestos linguísticos.

Esta aprendizagem, por observação e por imitação, foi estudada por Albert Bandura em 1961. Ele usou um boneco insuflável como forma de provar que as crianças imitam os comportamentos que observam num adulto. Foram testados 3 grupos diferentes de crianças:

No final deixaram as crianças sozinhas e viu-se que as crianças que estavam no primeiro grupo tendem a imitar o que adulto fez, batendo no boneco. E para além disso, mostram também ser mais agressivas para com os outros bonecos que estão na sala. Já as do segundo grupo e terceiro, viram que as duas foram menos agressivas, mas os que tinham o adulto como exemplo conseguiram ser ainda mais passivas que as outras que não tinham qualquer influência de adultos.

Este estudo mostrou o que era pretendido, ou seja, que as crianças se comportam de forma agressiva, mediante a observação e imitação dos adultos a serem agressivos. Bandura e Kohler, mostraram que tanto a perspetiva comportamental como a cognitiva são fundamentais no nosso dia a dia. Pois entre o estímulo e a resposta existe a dimensão cognitiva e o seu espaço mental.


Em sala de aula, abordamos outros tipos de aprendizagens, mas estas foram as mais aprofundadas.

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